O Amarelinho, fundado em 1921, está na Cinelândia, na área onde se erguia nos séculos 18, 19 e princípios do século 20 o Convento de Nossa Senhora da Ajuda, a primeira instituição religiosa feminina do Brasil, construído em 1750 para receber as freiras da Ordem da Imaculada Conceição, criada na Espanha, no século 15. O convento situava-se à altura da confluência da Rua dos Barbonos (Evaristo da Veiga) com a Rua da Guarda-Velha (Treze de Maio). Próximo ao grande convento estavam o Seminário São José (em terreno onde fica a Biblioteca Nacional) e o casarão onde residiu por longos anos Ana Teodoro Ramos de Mascarenhas, mãe do bispo José Justino Mascarenhas Castelo Branco, senhora que exercia a função de juíza, decidindo questões, harmonizando divergências, ouvindo queixas da população. Daí a expressão popular “vá se queixar à mãe do bispo”. Ali perto também estava o prédio que abrigava os frades barbonos (capuchinhos).
A abertura da Avenida Central, a construção de novas edificações, a inauguração do Palácio Monroe (sede do Senado Federal, absurdamente demolido em 1976) e do Teatro Municipal, o desmonte do Morro do Castelo e as áreas que se tornaram disponíveis com a derrubada de antigos prédios formaram o berço da Cinelândia. A partir dos anos 1920, tudo ganhou novo aspecto, graças ao espanhol Francisco Serrador, nascido em Valência, em 1872; de origem humilde, um modesto vendedor de peixes em sua cidade natal. Aos 15 anos chegou ao Brasil para transformar-se num dos empresários de maior prestígio no Rio, inaugurando salas de cinema, concretizando o seu grande sonho, a Cinelândia, que ele chamava “a Broadway Brasileira”.